segunda-feira, 5 de julho de 2010

Enrolados e originais


Uma amiga tentava me dar uma série de conselhos sobre as velhas e rígidas leis que regem minha vida. Por uma razão que eu desconheço, ela tentou me dar uns conselhos “atuais” de beleza e disse que eu deveria alisar o cabelo.
Ela colocou a mão num vespeiro...
Ponto fraco desde que eu comecei a ter alguma individualidade, meu cabelo é cacheado e volumoso. Durante anos da minha (ainda) pouca vida, passei escovando, alisando, pranchando, “toucando” e certa vez, aos 13, quase passei o ferro de passar roupas nele para ir a uma festa. Tudo porque eu não aceitava existir num mundo em que a maioria das amigas tinha cabelo liso e o meu era um novelo de lã embolado. Mamãe, que não tem cabelo cacheado, vivia me dando força e, literalmente, uma mãozinha, para alisar as madeixas. Deixar meus cabelos naturais após uma chuva inesperada, era o mesmo que sair à rua parecendo a Vanessa da Mata de cabeça para baixo. (Que visão!)
A última vez que cometi um “cabelocídio” como esses foi ano passado. O resultado me agradou durante alguns meses, mas, depois, começava de novo aquele processo de alisar, puxar, esquentar, encher de química etc, o qual nem eu nem meu lindo cabelinho estava aguentando mais.
Mesmo com essa recaída do ano passado, desde 2007 resolvi assumir de vez meus cachos. E me sinto orgulhosa por ter nascido com eles. Acho que isso faz parte da programação daquele canal “Foda-se” que você liga quando faz uns 30 anos, sinal de que a crise de identidade está definitivamente sepultada.
Toda vez que eu levo minha cabeleira ao salão sinto que nos destacamos (a cabeleira e eu) das 50 outras mulheres que estão tentando domá-la. Eu sou a única com cachinhos. Eu sou a única... THE ONE.
Exatamente esse pensamento me faz, hoje, amar meus cachos. Eu sou única e original. Eu sobressaio numa multidão. Sinto-me feliz por não querer ser igual ou pertencer à mesma fôrma artificial.
E tem outra: cabelo alisado nunca será um cabelo liso. Soa artificial o cabelo das pessoas que fazem escova progressiva, de chocolate, marroquina e sei lá mais que tipo de nome os profissionais do cabelo vão inventar para a mesma coisa: um rolo compressor, capaz de destruir ondulações que depois serão seladas com uma chapa quente... Tenho dó de meus fios. Eles são parte do meu corpo também! Eles fazem parte da minha personalidade.
Além do mais a moda black vem pegando desde Beyonce e, mais recentemente, com Thaís Araújo, que ostentava uma cascata de cachos negros lindíssima e bem cuidada. (Não sei se era aplique, mas que era bonita, era!) Particularmente vejo essas mulheres de cabelo alisado como umas cafonas, que repetem moda do ano passado.
Para a amiga conselheira, minha mãe e outras zilhões de mulheres que alisam o cabelo, meu recado: salvem seu cabelo e sejam mais autênticas. 

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