domingo, 30 de agosto de 2009

Eu não entendo


Eu não entendo por que...

... os homens dizem que vão ligar e não ligam.
... o sinal está verde e o carro da frente não anda.
... num show do Belo, do Rodriguinho, ou de qualquer outro cantor de pagode a plateia grita LINDOOOO.
... as pessoas jogam lixo na rua. Se você termina de comer um pacote de biscoito você joga no chão da casa que acabou de varrer?
... tem tão poucas lixeiras nas ruas.
... as pessoas vandalizam os telefones públicos, se elas podem precisar deles.
... a gente paga imposto se o serviço público é uma bosta.
... não há médicos nos hospitais públicos.
... eu tenho que esperar 40 minutos pelo médico no plano particular.
... a gente teve que aprender um monte de coisa na escola que não serve pra nada na idade adulta.
... as pessoas fumam se sabem que os componentes do cigarro vão transformar o pulmão em um pedaço de carvão.
... as mulheres bebem refrigerante se sabem que daqui a dois dias estarão cheias de celulite.
... existem mulheres que não usam um método anticoncepcional.
... eu não jogo fora os papéis velhos da carteira.
... sempre o primeiro ou o último biscoito do pacote vem quebrado.
... metade do saco de biscoito vem vazia.
... tem gente que gosta de chuchu se chuchu não tem gosto de nada.
... a X.u.x.a ainda tem fãs.
... tem gente que fala gritando em ambientes fechados e pequenos...
... e por que essa mesma gente que grita tem mania de contar a vida toda pra quem quiser ouvir (a sua própria e a dos outros).
... tem gente que ouve música (da pior qualidade) no último volume.
... as pessoas pegam um trânsito infernal só pra ir para a região dos lagos no Carnaval.
... a gente tem que acordar cedo para trabalhar.
... tem gente que coloca como legenda no orkut "tá com inveja, pega a senha", se jamais, em hipótese alguma, essa pessoa é digna da inveja de alguém?
... essa mesma criatura que acha que o mundo tem inveja dela, também coloca "para os fofoqueiros..." se está numa rede de relacionamento na qual escolheu os próprios amigos...
... e talvez essa mesma pessoa apague os scraps por que exige respeito pela sua privacidade.
... no orkut todo mundo é feliz.
... as pessoas trocam de celular como quem troca as roupas de baixo.
... o serviço de meteoreologia erra sempre.
... o presidente do país não sabe falar a língua nativa.
... as pessoas ainda gostam de axé.
... a Claudia Leitte fala com sotaque baiano se ela é carioca.
... se valoriza tanto as aparências.
... se usa roupa de marca.
... novela ainda dá Ibope.
... numa novela que se passa na Índia, as pessoas falam português.
... alguém achou que o elenco dessa mesma novela que se passa na Índia tem a fisionomia de indiano.
... existe o racismo, a homofobia e o esnobismo se quando a gente morre vai todo mundo ser tragado pela terra e comido pelos mesmos vermes?
... quando eu digo que vou à praia no dia seguinte chove.
... os homens bonitos são inacessíveis, burros ou gays (ou tudo ao mesmo tempo).
... brasileiro consome mais do que ganha.
... os evangélicos gritam se Deus não é surdo (nem eu).
... a Bíblia não está em ordem cronológica.
... as pessoas só vão à Igreja quando têm problemas.
... pessoas que não são católicas se casam na Igreja.
... a gente precisa ter tantos sapatos e tantas bolsas.
... determinados homens (principalmente os casados) dizem que suas esposas são gordas se eles babam pela Mulher Melancia?
... ainda existe (muita) vaga de emprego pra telemarketing se ninguém gosta de receber uma ligação deles(a)?
... os alimentos mais gostosos engordam.
... a comida da dieta não tem gosto de nada.
... tem gente que vive reclamando da vida como se fosse um mártir, se todo mundo tem problemas.
... o pessoal da linha 2 do metro é tão desesperado pra ir sentado a viagem toda.
... os homens não são cavalheiros como antigamente e dão seus lugares nos ônibus para as damas.
... gostamos de beber cerveja se ela tem gosto amargo.
... ninguém gosta de sogra e a sogra também não gosta de ninguém.
... ainda existe fila de banco.
... algumas mulheres ainda usam biquíni fio-dental na praia.
... algumas mulheres fazem tantas plásticas a ponto de viraram japonesas.
... existe briga de torcida, inclusive do mesmo time, no futebol.
... as pessoas gostam de ver acidentes.
... os esmaltes têm nomes estranhos.
... o boto rosa é cinza.
... existe um episódio dos Flinstones especial de Natal, se eles viveram na Idade da Pedra.
... na embalagem do pão de forma sempre vem aquelas duas cascas nas duas pontas se todo mundo as joga fora.
... afinal esta lista é interminável, por que o mundo é tão cheio de esquisitisses.

sábado, 29 de agosto de 2009

Eu, tu e quatro mano



Ser mulher, solteira e bem resolvida emocionalmente exige um esforço hercúleo para entender o que passa na cabeça de um homem, solteiro, e nem tão bem resolvido assim. Fato é que estou há alguns dias para relatar a história de uma amiga, que está na situação acima mencionada, e que, coitada, passa por muitas e boas, mas que me faz rir sempre que aparece.

A sequencia que vou relatar agora é verídica. Amiga, separada, 30 anos, linda e malhada. Doida para dar um troco no salafrário do ex-marido apenas sendo feliz com um cara bacana. Nada de mais. A não ser pelo fato de ela sempre, sempre, mas é sempre mesmo, escolher os caras errados. Ela tem o dedo podre.

Um aparte para definição de cara errado para a mulher certa. Quando se está com 30 anos, você se vê num momento em que não dá pra usar uma minissaia sem parecer abobalhada, nem uma roupa mais sóbria sem parecer idosa. Difícil. Você fica ali no meio termo. Quando se está com 30 anos e solteira, você fica meio paronoica achando que está ficando cada vez mais velha e seu útero vai parar de dar sinais de vida; ou então que está nova demais para casar e se encher de melequentinhos. É justamente nessa fase complicada que a mulher não pode dar mole e parar com o cara errado. O cara errado vai chegar, mais cedo ou mais tarde, geralmente naqueles lugares em que você só está porque uma amiga farofeira te disse para não ficar em casa por que você não vai arrumar ninguém desse jeito. Esse espécime, que não está em extinção, tem seu habitat natural em botequins pé-sujo, pagodinho na praia, ou simplesmente dando pinta na rua.

Então, você, mulher/garota de 30, meio carente, acha aquele carinha de roupa fuleira o máximo. O problema é que você tem a total certeza de que isso vai dar merda, mas está com muito álcool na mente para ter essa percepção. Ele joga aquela lábia e você cai. Ferrou. Você acha o beijo o máximo. Passadas algumas horas e aumentado o teor acóolico, você acha a transa o máximo. -1 pra você. Esse cara aí vai te ligar quando quer, talvez às 4h da manhã; o dia que quer, talvez numa terça-feira; pra sair pra onde ele quer, talvez outro pé-sujo.

Voltando e finalizando este post com a hilariante epopeia da amiga separada, ela se encantou por um desses. Estávamos nós, ela, mais cinco amigas, um amigo gay e eu nos divertindo sem dó nem piedade numa boate. Voltamos para casa e ela me pediu para dormir no meu apê. Ela e mais outras, enfim. Ás 4h da matina, eu estava no último sono, quando uma de minhas amigas me acorda e diz:

- Nanda, eu fiu beber água e a separada* (*identidade totalmente preservada) estava lá na área de serviço, debruçada na máquina de lavar falando baixinho no celular... Que será que aconteceu?
- Nem quero saber - eu disse. - Apague a luz e feche a porta.

Cinco minutos depois, a separada bate na porta do meu quarto de leve. Ouço um sussuro.

- Que que houve criatura? - eu disse, já meio acordada e desnorteada.
- Nanda, você não vai acreditar - disse ela com cara de espanto e a maquiagem borrada de quem nem lavou a cara.

É óbvio que eu acreditei:

Eu estava dormindo quando ouvi ao longe o celular vibrando em cima da mesa. Pra não acordar ninguém, fui pra área de serviço, pra atender o bendito, afinal, eram 4 da manhã. Advinha quem era? O cara errado*. 
- Pô, e aí mina, tá fazendo o que?
- A essa hora eu estava dormindo... E você?
- Pô, eu tô aqui na rua. Tu não tá afim de vir pra cá não?
- Hã? Como?
- Pô, tá rolando um baile no morro. É tranquilo, mina. Vem pra cá
- Eu acho que não vai rolar não...
- Pô mina, deixa de vacilação. Olha só, não tem erro não. Eu, tu e quatro mano (sic), no baile do morro. E tu ainda vai de primeira-dama...
- Cara... Puxa... Que legal, mas eu não tô nem em casa...
- Tá bom mina, depois num diz q eu não te chamo pra nada.


Depois dessa eu nem preciso dizer mais nada. O post tá grande, e eu preciso ir para o curso de inglês. Quem sabe por lá eu não encontro o cara certo. Que saiba falar, pelo menos, o inglês.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Toda mulher precisa de outras mulheres


Toda mulher precisa da companhia — boa ou ruim — de outras mulheres. Toda mulher precisa de uma... AMIGA, melhor ainda, de várias. Por mais que se esforcem, os homens jamais compreenderão a alma feminina.



Os homens têm amigos, mas não têm intimidade. A intimidade entre mulheres permite não só o elogio, mas, e em muitos casos, a crítica. A intimidade entre mulheres permite um abraço caloroso, um beijo na bochecha de cinco minutos, uma ligação no meio da madrugada para chorar a perda de um amor.

A gente combina encontros semanais, fala de cabelo, unha, roupas, homens (principalmente sobre a falta deles). A gente se protege, a gente se une. A gente combina não comer mais fritura e massa, e quem desrespeitar essa lei irrevogável tem que confessar para as outras e fazer um regime ainda pior como penitência.






A gente chora e ri, por nós e pelas outras. A gente tem depressão e TPM. Somos complexas, cruéis e corajosas. Invencíveis e poderosas. Algumas amigas são da faculdade, outras de infância. Tem as do trabalho e as vizinhas. Ainda que alguma delas nos falte, sempre outra chegará, oferecendo o ombro, o colo ou o coração. Obrigada a todas as AMIGAS presentes em minha vida.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Por que esta barriga não sai do meu corpo? (Parte1)

Ontem assisti no You Tube, meu melhor substituto para a TV, à entrevista do humorista Leandro Hassum, da dupla Nós na fita e, infelizmente, do Zorra Total, no programa do Jô. Gargalhadas à parte, porque o cara é muito engraçado, ele falou de uma coisa séria, ainda que hilariante, sobre a qual eu me debato todos os dias, logo que acordo com a barriga roncando: por que aquela sua amiga varapau que come feito um leão da savana não engorda, enquanto você, que faz a dieta passa-fome da revista Viva! não emagrece nada, ou o que é pior, é capaz de engordar se engolir ar? Esse é um mistério da humanidade obesa.
Há três semanas dei início à dieta à base de chá verde da revista Viva! Tudo começou quando inventei de ir à praia, depois de amargar seis meses sem me sujar de areia, e me deparei com o espelho. Lá estava ela: uma boia envolvendo minha cintura, debochando de mim, gargalhando por cima do meu biquíni. Cruel.
Quase desisti de ir à praia, mas fui convencida pela melhor amiga. A varapau em questão. “Nanda, você está ótima. Isso não é gordura é excesso de gostosura, amiga. Pior sou eu, que vivo tomando Biotônico Fontoura e não consigo engordar... Não tenho bunda, nem coxa...” Filha da mãe, né? Não quis dar uma de estraga prazer e resolvi ir à praia. Quem sabe um banho de sol disfarça as gordurinhas? De qualquer forma eu estava decidida a dar início ao projeto verão: emagrecer até novembro, quando, extraoficialmente, começa o verão.
Cheguei à praia meio cabisbaixa, morrendo de vergonha de lançar minha boia ao mar, e qual foi a minha surpresa quando vi um mar bege, obeso e gordurento invadir a areia. Eu só tinha uma boia, tinha nego ali com três, quatro.
Não acho bonito esse lance de Mulher Melancia. Aquilo ali é um desbunde, ou melhor, uma abundância. Um pum daquela mulher acaba com a camada de ozônio. Aquela bunda paga IPTU, como diz o Cláudio Torres Gonzaga. E esse lance de dizer que os homens preferem mulheres daquele naipe... Bom, depende do homem que você quer agarrar... A trupe masculina que baba pela D. Melancia não faz meu tipo. Não, obrigada, dispenso.
Passei por todo o tipo de desconforto que uma mulher na minha condição poderia passar. Duas horas para tirar a camiseta, outras duas para sentar na cadeira de praia. A boia nos deixa sem posição. Se você quiser se abaixar para pegar o bronzeador, ela se dobra de tal forma, que você não consegue alcançar a bolsa.
Decidi só ir ao mar depois de me bronzear um pouco. Como eu já disse, a cor douradinha disfarça as gordurinhas. O bronze não vinha, mas o suor começou a escorrer. Não tinha escapatória. Driblei dois moleques que estavam rolando na areia, cinco cangas, três pontas de barracas do Ponto Frio, quatro queijos coalhos e dois surfistas (deles eu me escondi) e consegui chegar ao mar.
Água fria do caramba. Agosto, eu quero o quê, né? Não dava para esconder a boia no fundo do mar. Desesperada, olhei para os lados e não tinha nenhum carinha interessante do qual eu devesse me esconder. Aliviada, vi algumas coleguinhas igualmente desesperadas e outras nem aí, que exibiam suas boias douradas perpassadas por estrias ou arreganhadas com celulites com grande orgulho e majestade (...)

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Eu tenho medo de ficar blz


Há muito estou com essa ideia fixa de criar um blog. Não que eu queira deixar algo para a posteridade, mas porque tenho que extravasar, mesmo sem ser a Claudia Leitte. Há tantas coisas a serem ditas e ao mesmo tempo tudo já está sendo dito. Eu ando meio desnorteada com tanta informação. Apague o primeiro scrap quem tem tempo, saco e insônia para ler todos os tweets? Quem, em sã consciência, vai ficar trocando de página para ver 1.500 fotos que algum megalomaníaco postou no orkut? Tem gente para tudo.

É bacana esse lance de tudo ao mesmo tempo agora, de todo mundo poder falar com todo mundo, de perder a privacidade... O twitter pergunta o que você está fazendo. E tem gente que responde. "Tô no cagando." Maior barato isso.

Há dois meses minha vida era normal. Eu dormia, comia e andava. Eu só tinha que me preocupar com o orkut e com o email. Quando fui fazer o cadastro para o cartão cidadão me perguntaram se eu tinha twitter. Dei um gibi de presente pra minha sobrinha de 9 anos e ela me perguntou "What are you doing?" De saco cheio de ser considerada uma jovem senhora do século passado, fiz o tal, levei exatamente uma semana para entender o @, o RT, o #FF e já surgiu outra pergunta... "Você tem LinkedIn?", ah porque se você não tem está fora do mercado de trabalho. Fiquei com medo disso aí. Fiz. Achei uma pregada de gente por lá. Confesso que está lá meio parado, esperando uma atualização. Dois dias depois recebi um convite para entrar no Facebook... Não fiz. Ainda.

Quando estudei Comunicação rolava esse papo de McLuhan, de aldeia global. Naquela época, eu não fazia a menor ideia de como seria isso, minha mente não visualizava. O máximo da modernidade era o email do bol, que, só por acaso, eu não sabia usar. Passados alguns (poucos) anos, estou envolvida em tantas redes sociais que já não acredito mais em vida real. Eu tenho realmente mil amigos. Existem 60 pessoas me seguindo. Definitivamente eu posso fazer um retrato falado do batedor de carteira no Central Park neste exato momento.

As coisas estão tão virtuais que eu não sei mais escrever à caneta. Fui tentar essa proeza esses dias e saiu um garrancho, algo entre letra de médico e criança em fase de alfabetização. Se eu quero escrever um bilhete que tenha pelo menos 10 linhas, melhor digitar e imprimir depois (coitadas das arvorezinhas). Fora que não consigo mais escrever um simples "você". É um tal de "vc" pra lá, "blz" pra cá, os 140 caracteres já estão impregnados na (minha) língua portuguesa.

Tecnologia é necessário, compreendo. Mas cada vez mais o lance dos 140 caracteres está invadindo a (minha) literatura. Tem nego escrevendo livro no twitter. Engraçado que tem que ser tudo resumidinho... Para comer uma letra faltava pouco, e não deu outra: "E aí, vc tá blz? Vms p ksa d Ju hj?" Como dizia Regina Duarte, eu tenho medo.

Eu tenho medo da coisa degringolar para a falta de beleza, de poesia... Tem palavras que são bonitas, essas merecem ser escritas por extenso. Crisálida. Acho linda essa palavra. Metamorfose, olha que show; quantas letras! Tem palavras que são engraçadas, como pantomima, pantógrafo. Tem aquelas antigas; de xumbrega a sujismundo. Não dá para xingar alguém de xumbrega e sujismundo no mesmo tweet. Isso me deixa triste.

Não serei uma reacionária da net, mas estou preocupada. O povo está emburrecendo, está escrevendo "anciedade", "miguxa", "abrasso"... Está todo mundo desembestado e embasbacado com o fato de poder resumir tudo em poucas frases, de expor sua vida pessoal como uma celebridade, que não há muito o que dizer afinal. Então eu finalizo com um abs p tds e, no máximo, um até amanhã.