Quando adolescente, eu sonhava ser psicóloga, ou qualquer outra profissão que me levasse ao estudo da mente e do comportamento humano (talvez escritora de livros de autoajuda). Tenho verdadeiro fascínio pelos enigmas do cérebro, pelo inconsciente. Em meus 18, 19 anos, época em que me tornei rebelde, como qualquer menina saudável na minha idade, eu lia um livro por semana. Mas eu não curtia os clássicos ou romances, eu gostava de livros sobre os anos 1970, sobre a ditadura, sobre a contracultura; as artes, a filosofia, a psicanálise, a sociologia, o socialismo... Gostava de Freud e Jung; Marcuse e Weber.
Eu tinha o hábito de anotar em cadernos frases, ou até mesmo parágrafos inteiros desses livros, para depois rever os conceitos. Por que, claro, os livros não eram meus, eu não tinha grana para comprar, nem para tirar xérox. Ainda guardo alguns cadernos, entre agendas, papéis de bombom Serenata de Amor, pétalas de rosas, cartinhas e letras de música.
A paixão por todos os ícones setentistas passou logo que ingressei na faculdade de Comunicação (deveria ter aumentado, mas logo eu tinha outros interesses). Porém, a fascinação pelo comportamento humano, pelos mistérios da mente continuou muito forte, venceu o tempo, e vive até hoje. Ainda não resisto em dar uma olhadinha nas novidades sobre o assunto. Apesar de muitas vezes serem confundidos com literatura menor ou, pior, com charlatanismo, alguns textos cruzam essa fronteira e vão mais além. Não tenho nenhum livro específico para citar, mas há um estudo especial nessa área que atualmente tem me feito voltar àquela adolescente ávida por conhecimento.
Há alguns meses, me peguei estudando o comportamento de certo rapaz. Não entrarei no mérito de porque eu estava estudando o comportamento dele... Não hoje. (Espero que ele não esteja lendo isso. Não, não estará.) Na verdade, eu estava pensando em como algumas coisas são contraditórias entre o agir, o falar e o pensar. “Falar é fácil”, é uma expressão muito simples. É fácil falar sim. O difícil é agir de acordo com o que a boca expulsa.
Fico intrigada com o cérebro humano porque muitas vezes a gente fala uma coisa por falar ou para esconder a nossa intenção real. E é essa última questão que me faz pensar. Procurei na internet algumas teorias sobre isso, sobre o que a boca fala e os gestos desmentem. Encontrei a Body language, ou a linguagem corporal. Resumindo, o corpo dá alguns sinais não verbais (gestos, ações) que podem identificar as reais intenções de alguém; aquilo que está em seu inconsciente e, por alguma razão (timidez, medo...), não vem à tona em forma de palavras. Descobri alguns movimentos corporais já bastante batidos, como mão na boca significando mentira, cruzar os braços significando que não quer se comunicar etc. Mas não dá para generalizar e pensar que uma coceira na boca é sinal de que alguém está mentindo, porque há outros fatores, como o meio e a cultura, que modificam uma postura.
A questão toda é que eu banquei a sabichona e me ferrei de verde e amarelo, algumas vezes em que segui minha lógica, quase natural, de estudar o comportamento das pessoas enquanto elas falam comigo. Enganei-me várias vezes e continuo me enganando. Recentemente, ouvi de uma psicóloga: “muito interessante você ter observado que fulaninho não parava de olhar para o relógio enquanto conversava com você, mas isso pode significar não somente que ele estava com pressa, mas que ele estava ansioso para que alguma coisa legal acontecesse.” (Pior que não aconteceu, porque eu fiquei pensando se eu ia levar um fora ou não... Ops, mas esse não é o misterioso rapaz...) Mas eu sigo com a certeza de que há 50% de acerto, pelo menos nos sinais mais comuns. Obviamente, eu só estudo o comportamento de quem me interessa, porque eu tenho o péssimo hábito de “sair de órbita” quando alguém desinteressante vem me falar algo igualmente desinteressante (que é só o que pessoas desinteressantes podem fazer). Mas essa é outra história, que rende outro post (e que eu também andei pesquisando. É eu estou meio sem ter o que fazer aos domingos).
EM TEMPO: Dia 29/09 estreia na Fox a série Lie to me, exatamente sobre isso! Estou ansiosa para ver.
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