quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Deus: duas ou três coisas que eu sei sobre ele



Possivelmente serão duas ou três coisas mesmo. Não passei por tantos percalços que justificassem eu saber muito mais. Penso que quanto mais sofremos, mais aprendemos sobre Deus. Então, tirando algumas desilusões amorosas, problemas profissionais e financeiros, não tive nada tão doloroso que pudesse fazer com que eu aprendesse mais sobre Deus.
Primeira coisa
Ele existe. Por mais que eu tente não consigo ser ateia. Qualquer coisa que acontece em minha vida eu repito seu nome. Consegui algo que eu queria, “Graças a Deus”. Perdi ou não consegui, “Ajude-me, meu Deus”. Acreditar que existe um poder maior que o seu de mudar o rumo de sua própria história é muito confortador.
Eu gosto de associar a vida com um jogo de Lego. As peças estão espalhadas no início da nossa vida, colocadas por Deus ou o que seja que se acredite como uma força maior que o universo. Você vai montando, encaixando essas peças. Em dado momento, você teima em colocar uma peça que não se ajusta à outra, e com isso perde um tempo precioso, mas não há como demovê-lo dessa tarefa, só você pode se tocar de que está fazendo uma grande idiotice. Quando você se cansa de tentar fazer as coisas do seu jeito, pede ajuda. Então ele vem e faz você enxergar que está errado, que deve começar tudo de novo. Desmonte esse jogo. Espalhe suas peças. Recomece.


Segunda coisa
Nada é por acaso. Acredito que as situações da vida estão interligadas. Penso nas centenas de situações que aconteceram comigo, para o bem e para o mal, e percebo que tudo está ligado. Como no jogo de Lego, as peças se encaixam.
Tenho uma história pessoal para isso. Durante a faculdade, estagiei em alguns lugares, um deles foi a Revista Petrobras, onde comecei realmente a aprender a escrever e conheci algumas pessoas que me ajudaram a formar minha identidade profissional. Passei por outros lugares não menos significativos, todos úteis para aumentar minha bagagem profissional. No ano 2000, quando trabalhava no meu melhor emprego financeiramente falando, mas do qual eu não gostava, fui demitida junto com outros colegas por corte de custos... Não conseguia me imaginar sendo demitida de algum lugar. Senti a humilhação e o medo tomar conta de mim.
Dois anos se passaram e eu não tinha conseguido um emprego estável, apesar de muito procurar, já que sempre fui obstinada. Eu fazia freelas, estudava para concursos públicos, até passei em um. Porém, feliz ou infelizmente, apesar de eu ter passado em primeiro lugar, não me chamaram para a vaga (coisas que só a corrupção do nosso país explica). A revolta já estava tomando conta de mim quando eu pedi que “alguém” me ajudasse, me fizesse enxergar a luz.
A resposta veio perto do Natal de 2002. Eu comecei a trabalhar em uma editora pequena com um salário e um cargo igualmente pequenos em algo que eu nunca tinha feito em minha vida: revisão de textos.
Não me fiz de derrotada, aquela era uma porta aberta, uma oportunidade. Aprendi o que pude sobre o assunto e comecei a trabalhar. Resultado: trabalhei por seis anos nessa editora, que hoje já está mais crescida. Aprendi a fazer de tudo um pouco, já que não havia tantos profissionais envolvidos com a produção, justamente por ser uma editora pequena. Eu sabia revisar, diagramar e fazer capa; eu pedia orçamento, batia provas, ajudava na escolha de títulos e tinha a confiança de meu editor, que é um homem bastante rígido (e agradeço muito por isso). Porém, eu andava insatisfeita com o salário, que não era ruim, mas eu esperava mais. O fim provisório dessa pequena história (provisório porque a vida continua e eu não sei como será o amanhã) foi que, com esse trabalho em uma editora pequena, que me pagava um pequeno salário no início da minha ainda curta carreira, consegui dar continuidade ao meu trabalho em uma empresa maior, onde hoje aprendo outras coisas que também servirão para um futuro ainda melhor.
Com tudo isso eu quis dizer que, na vida, não se deve menosprezar os pequenos trabalhos, pois eles são a base, o alicerce da vida. Eles darão a experiência necessária para alcançar um lugar mais alto. Fora isso, também é necessário não desperdiçar o tempo em que se está no suposto “ócio”, com atividades que não vão levar a lugar algum. É preciso foco, persistência e fé para acreditar que se pode vencer nesse jogo, que não se trata de um carma ruim, mas apenas de uma situação ruim. Não existe acaso, destino ou sorte. Existe trabalho e fé. Só isso basta.


Terceira e última coisa
Não teria sentido. Não há porque estarmos neste planeta complexo, repleto de seres de todo o tipo, bons e maus; sábios e ignorantes; ricos e pobres; doentes e sãos, se não é por alguma razão. Eu me pergunto “pra quê?” Para que criar céus e terras, animais e plantas, humanos e não tão humanos para, ao final, tudo virar pó e ser comido por vermes.
Acho um desperdício de energia. Não posso crer que a gente morre e tudo acaba. Não posso crer que exista apenas uma alma vestida com o meu corpo e depois esse corpo se deteriora e não haverá mais nada. Não restará uma lembrança, um suspiro do que um dia eu fui.
Também não posso crer que Deus seja tão criativo e que tenha tanto lugar no céu, no purgatório ou no inferno para abrigar tantas almas, já que só se vive uma vez. Não, isso definitivamente não entra na minha cabeça. Não faz sentido.

Feliz ou infelizmente não há como saber se ele existe mesmo, se essa força superior realmente nos protege e nos aguarda. Mas é um alívio saber e acreditar que posso contar com ele(a) em todos os momentos da minha vida. Conforta-me saber que posso conversar com ele(a) na hora que eu puder e quiser e que sempre irá me ouvir, independentemente se meu assunto é bobo, incompreensível, injustificado, mimado ou medíocre. Ele(a) me ouve, me compreende e me atende. Não há como não acreditar.